Leiam em espírito de oração e reflitam.
Existem grupos teológicos católicos e alguns protestantes/evangélicos que pregam que não se deve promover o que é denominado de proselitismo, como se qualquer tentativa pregação que visa a "conversão" fosse uma atitude totalmente inaceitável. Em geral a justificativa é baseada em um discurso antropológico do “culturalmente ou do politicamente correto”. Desta forma colocam no mesmo patamar todo tipo de iniciativa de evangelização entre povos não alcançados internacionais ou entre silvicolas brasileiros como se fora atitude culturalmente insensível chegando ao ponto as vezes de criticar a todo tipo de evangelização e algumas vezes aceitando simplesmente o serviço como única forma de pregação. Muitas vezes a evangelização denominada de transcultural é confundida com o conceito de imperialismo cultural.
Estarei divulgando artigos originados na Santa Sé emitido por diferentes Papas (órgão superior da Igreja Católica que detém a palavra final a cerca da teologia e dos princípios de fé e conduta da Igreja católica) e a palavra do arcebispo Dom Eugenio Sales com o objetivo de deixar que cada um tire as suas conclusões sobre as relações entre evangelização e proselitismo.
Sobre proselitismo
Algumas definições a cerca de proselitismo.
O proselitismo, do grego prosélitos (= aderente), consiste em conquistar aderentes de uma doutrina feita e não em um trabalho de puro desenvolvimento dos conhecimentos sobre a religião. O proselitismo não se ocupa diretamente do desenvolvimento da pesquisa religiosa mas da propagação de doutrina feita, ou seja, de uma ideologia.
A prática do proselitismo, de que falam os livros bíblicos do Novo Testamento (escritos em grego), era peculiar aos judeus, que saíam pelo mundo helênico-romano com visitas a pregar aos mesmos judeus e também aos pagãos para convertê-los ao judaísmo.
Prosélitos se dizia principalmente dos pagãos conversos ao judaísmo, e depois também ao cristianismo. Imitando o habito proselitista judeu, os primeiros cristãos também se entregaram ao proselitismo, e tiveram mais sorte com o seu neojudaísmo.
Os fariseus exigiam dos pagãos conversos até mesmo a circuncisão (corte do prepúcio do pênis); os cristãos não demoraram em dispensar este corte doloroso, tornando sua doutrina mais aceitável e adequada ao proselitismo. Por esta e outras razões ganharam os cristãos a corrida proselitista, deixando para trás aos fariseus.
O Globo:
“Bento XVI usou o conceito três vezes durante a visita ao Brasil.
Termo tem conotação negativa e é usado para descrever o comportamento dos outros. prosélito[do grego prosélytos, 'aquele que se aproxima'] (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa) Proselitismo é o nome dado à busca ativa de uma religião por novos fiéis. Em sua origem grega, o termo designava a adesão de pagãos ao judaísmo, mas esse sentido primeiro foi perdido há muito tempo. Hoje, “proselitismo” é usado com conotação negativa, para descrever a suposta agressividade de uma religião (concorrente) em converter novos seguidores.
http://g1.globo.com/Noticias/PapanoBrasil/0,,MUL35876-8524-5265,00.html”
Os Papas e evangelização.
“EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL CHRISTIFIDELES LAICI DE SUA SANTIDADE O PAPA JOÃO PAULO II SOBRE VOCAÇÃO E MISSÃO DOS LEIGOS NA IGREJA E NO MUNDO”
(...)
“Ide por todo o mundo
35. A Igreja, ao aperceber-se e ao viver a urgência actual de uma nova evangelização, não pode eximir-se da missão permanente de levar o Evangelho a quantos — e são milhões e milhões de homens e mulheres — não conhecem ainda a Cristo Redentor do homem. Esta é a tarefa mais especificamente missionária que Jesus confiou e continua todos os dias a confiar à Sua Igreja.
A acção dos fiéis leigos, que, aliás, nunca faltou neste campo, aparece hoje cada vez mais necessária e preciosa. Na verdade, a ordem do Senhor « Ide por todo o mundo » continua a encontrar muitos leigos generosos, prontos a deixar o seu ambiente de vida, o seu trabalho, a sua região ou pátria, para ir, ao menos por um certo tempo, para zonas de missão.( ...)”http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_letters/documents/hf_jp-ii_apl_10111994_tertio-millennio-adveniente_po.html
5.
A palavra do Papa João Paulo II deixa transparecer que não parece haver muita diferença entre o dever missionário dos cristãos ditos protestantes e /ou evangélicos e os católicos: “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda a criatura” .
O pregar é imperativo. O como fazer é que tem sido revisto de tempos em tempos e algumas vezes se torna a controvérsia.
Vejamos o que o Papa João Paulo II diz sobre o Cristo e sua relação com o mundo e as pessoas.
4.“Cristo, Redentor do mundo,é o único Mediador entre Deus e os homens e não há outro nome debaixo do céu pelo qual possamos ser salvos (cf.Act 4, 12). Lê-se na Carta aos Efésios: n'Ele « temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que abundantemente derramou sobre nós com plena sabedoria e discernimento (...) segundo o beneplácito que n'Ele de antemão estabelecera, para ser realizado ao completarem-se os tempos » (1, 7-10). Assim Cristo, Filho consubstancial ao Pai, é Aquele que revela o desígnio de Deus relativo a toda a criação, e de modo particular sobre o homem”.
http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_letters/documents/hf_jp-ii_apl_10111994_tertio-millennio-adveniente_po.html
5.
“O Verbo Encarnado é, por conseguinte, o cumprimento do anélito presente em todas as religiões da humanidade: este cumprimento é obra de Deus e ultrapassa toda a expectativa humana. É mistério de graça.
Em Cristo, a religião deixa de ser um « procurar Deus como que às apalpadelas » (cf. Act 17, 27), para se tornar resposta de fé a Deus que Se revela: resposta na qual o homem fala a Deus como seu Criador e Pai; resposta feita possível por aquele Homem único, que ao mesmo tempo é o Verbo consubstancial ao Pai, no qual Deus fala a cada homem, e cada homem se torna capaz de responder a Deus. Mais ainda, nesse Homem responde a Deus a criação inteira. Jesus Cristo é o novo início de tudo: tudo n'Ele se reencontra, é acolhido e reconduzido ao Criador de Quem teve origem. Deste modo,Cristo é o cumprimento do anélito de todas as religiões do mundo, constituindo por isso mesmo o seu único e definitivo ponto de chegada. Se por um lado Deus em Cristo fala de Si à humanidade, por outro, no mesmo Cristo, a humanidade inteira e toda a criação falam de si a Deus — melhor, dão-se a Deus. Assim, tudo volta ao seu princípio.”
http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_letters/documents/hf_jp-ii_apl_10111994_tertio-millennio-adveniente_po.html
Seguem agora alguns trechos do documento do sínodo de oceania ao qual o Papa se refere varias vezes.
8 oceania http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_20011122_ecclesia-in-oceania_po.html
“(..) Só aceitando Jesus Cristo como Caminho é que os povos da Oceânia poderão encontrar aquilo por que agora aspiram e lutam. O caminho de Cristo não se pode percorrer sem um ardente sentido da missão; e o centro da missão da Igreja é proclamar Jesus Cristo como a Verdade viva - uma verdade revelada, uma verdade explicada, compreendida e acolhida na fé, uma verdade transmitida às novas gerações.(...)”
Podemos perceber através da exortação Papal que o centro da missão da Igreja Católica é o anuncio do Cristo como o redentor do mundo. O anúncio tem uma expectativa; a de aceitação e acolhimento por parte de quem ouve. Por isso não se pode dissociar a pregação dos efeitos que ela provoca, senão seria um contra senso pregar ou trabalhar pelo Reino. Se Alguma organização católica afirmar que não existe necessidade de evangelização ou conversão estará contrariando uma lei interna de sua própria igreja e de suas autoridades."
Como os católicos deveriam pregar ? Este assunto realmente é um dos que suscita muitas discussões. Sobre as diretrizes definidas neste sínodo o Papa ainda afirma
“(...)Viver o Evangelho servindo a pessoa e a sociedade
36. Ao anunciar e ao acolher o Evangelho na força do Espírito, a Igreja torna-se comunidade evangelizada e evangelizadora e, precisamente por isso,(...) , o Reino é fonte de libertação plena e de salvação total para os homens: com estes, portanto, a Igreja caminha e vive, real e intimamente solidária com a sua história.
Tendo recebido o encargo de manifestar ao mundo o mistério de Deus, que brilha em Jesus Cristo, ao mesmo tempo, a Igreja descobre o homem ao homem, esclarece-o acerca do sentido da sua existência, abre-o à verdade total acerca dele e do seu destino (...)”
Desta maneira o sumo pontífice católico define que todos os serviços que a Igreja presta ( sejam quais forem ) tem o objetivo de que o homem venha a conhecer a Jesus Cristo. Sem isto a Igreja perde seu significado. Não existe portanto uma ação social eclesiástica isenta de algum pré conceito. A ação tem alguma fundamentação seja ela antropológica ou teológica. No caso da Igreja ela é antes de tudo teológica. Claro que a pregação da fé ocorre em meio a cultura.
Vejamos como o artigo Occeania muitas vezes referido pelo Papa nesta carta trata sobre as relações da cultura e a Igreja e com a Igreja deveria se comportar em relação a cultura na evangelização.
“EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL ECCLESIA IN OCEANIA DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II AOS BISPOS AOS PRESBÍTEROS E DIÁCONOS AOS CONSAGRADOS E CONSAGRADAS E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS SOBRE JESUS CRISTO E OS POVOS DA OCEÂNIA SEGUINDO O SEU CAMINHO PROCLAMANDO A SUA VERDADE E VIVENDO A SUA ViDA
(...)
MISSÃO E CULTURA
7.Desde o século XVI, quando os primeiros missionários estrangeiros chegaram à Oceânia, os povos insulares ouviram e acolheram o Evangelho de Jesus Cristo. Entre aqueles que deram início ou continuidade à obra missionária, houve santos e mártires, que constituem não só a maior glória do passado da Igreja na Oceânia, mas também a mais segura fonte de esperança para o futuro.(...)
Quando os missionários levaram pela primeira vez o Evangelho aos aborígenes, aos maoris, e restantes nações insulares, encontraram povos que já possuíam um antigo e profundo sentido do sagrado. As práticas e os ritos religiosos constituíam parte integrante da vida quotidiana e permeavam totalmente as suas culturas. Os missionários levaram a verdade do Evangelho que não é alheia a ninguém; mas, por vezes, alguns procuraram impor elementos que eram culturalmente estranhos àqueles povos. Agora há necessidade de um cuidadoso discernimento para ver o que pertence ao Evangelho e aquilo que não lhe pertence, o que é essencial e aquilo que não chega a sê-lo. Uma tal tarefa - há que admiti-lo - tornou-se ainda mais difícil por causa do processo de colonização e modernização que tem ofuscado a fronteira entre o que é autóctone e importado. (...)
(...)A variedade cultural da Oceânia não está imune do processo mundial de modernização com os seus efeitos positivos e negativos. Sem dúvida que os tempos modernos têm dado novo e maior realce a valores humanos positivos como, por exemplo, o respeito pelos direitos inalienáveis da pessoa, a introdução de métodos democráticos na administração e no governo, a recusa da pobreza estrutural como condição imutável, a rejeição do terrorismo, da tortura e da violência como instrumentos de viragem política, o direito à educação, cuidados sanitários e habitação para todos. Tais valores, frequentemente enraizados no cristianismo ainda que não explicitamente, têm exercido uma benéfica influência na Oceânia, e a Igreja não pode deixar de fazer tudo o que estiver ao seu alcance para favorecê-los. (...)”
http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_30121988_christifideles-laici_po.html
(...)
“Tem-se dito que o nosso é o tempo dos « humanismos »: uns, pela sua matriz ateia e secularista, acabam paradoxalmente por mortificar e anular o homem; outros humanismos, invés, exaltam-no até ao ponto de atingirem formas de verdadeira e própria idolatria, outros, enfim, reconhecem justamente a grandeza e a miséria do homem, exprimindo, defendendo e favorecendo a sua dignidade integral.(...)”
(...)
“Venerar o inviolável direito à vida
38. O reconhecimento efectivo da dignidade pessoal de cada ser humano exige o respeito, a defesa e a promoção dos direitos da pessoa humana. Trata-se de direitos naturais, universais e invioláveis: ninguém, nem o indivíduo, nem o grupo, nem a autoridade, nem o Estado, pode modificar e muito menos eliminar esses direitos que emanam do próprio Deus.”
(...) (...)
O Concílio Vaticano II afirma abertamente: “« Tudo quanto se opõe à vida, como seja toda a espécie de homicídio, genocídio, aborto, a integridade da pessoa humana, como as mutilações, os tormentos corporais e mentais e as tentativas para violentar as próprias consciências; tudo quanto ofende a dignidade da pessoa humana, como as condições de vida infra-humanas, as prisões arbitrárias, as deportações, a escravidão, a prostituição, o comércio de mulheres e de jovens; e também as condições degradantes de trabalho, em que os operários são tratados como meros instrumentos de lucro e não como pessoas livres e responsáveis; todas estas coisas e outras semelhantes são, sem dúvida, infamantes; ao mesmo tempo que corrompem a civilização humana, desonram mais aqueles que assim procedem, do que os que as padecem, e ofendem gravemente a honra devida ao Criador».(137)”http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_30121988_christifideles-laici_po.html
(...)
O PAPA A CONVERSÃO E A METANÓIA
EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL ECCLESIA IN AMERICA
DO SANTO PADRE JOÃO PAULO II AOS BISPOS AOS PRESBÍTEROS E AOS DIÁCONOS
AOS CONSAGRADOS E ÀS CONSAGRADAS E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS
SOBRE O ENCONTRO COM JESUS CRISTO VIVO CAMINHO PARA A CONVERSÃO,
A COMUNHÃO E A SOLIDARIEDADE NA AMÉRICA
http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_22011999_ecclesia-in-america_po.html
“(...)A exortação de Cristo à conversão ecoa nestas palavras do Apóstolo: « Já é hora de despertardes do sono. A salvação está mais perto do que quando abraçamos a fé » (Rm 13, 11). O encontro com Jesus Cristo vivo leva à conversão.
No Novo Testamento, para falar de conversão é utilizada a palavra metanóia, que significa mudança de mentalidade. Não se trata só de um distinto modo de pensar a nível intelectual, mas da revisão à luz dos critérios evangélicos das próprias convicções vitais. A este respeito, S. Paulo fala de « fé que opera pela caridade » (Gal 5, 6)(...)”
(...)
“A missão ad gentes
74. Jesus Cristo confiou à sua Igreja a missão de evangelizar todas as nações: « Ide, pois, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar tudo quanto vos tenho mandado » (Mt 28, 19-20). A consciência da universalidade da missão evangelizadora que a Igreja recebeu deve permanecer viva, como aliás o testemunha continuamente a história do Povo de Deus que peregrina na América. A evangelização torna-se mais urgente junto de todos aqueles que, vivendo neste Continente, ainda não conhecem o nome de Jesus, o único nome dado aos homens para se salvarem (cf. At 4, 12). Infelizmente, este nome é desconhecido por larga parte da humanidade e em muitos ambientes da sociedade americana. Basta pensar nas etnias indígenas ainda não cristianizadas ou na presença de religiões não cristãs tais como o Islamismo, o Budismo, o Induísmo, sobretudo entre os imigrantes vindos da Ásia.
Isto obriga a Igreja na América a permanecer disponível para a missão ad gentes. (288) O programa de uma nova evangelização no Continente, objetivo de muitos projetos pastorais, não pode limitar-se a revitalizar a fé dos crentes habituais, mas deve também procurar anunciar Cristo nos ambientes onde Ele é desconhecido.(...)”
O documento missão ad gentes do qual o papa fala é
DECRETO AD GENTES SOBRE A ATIVIDADE MISSIONÁRIA DA IGREJA
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decree_19651207_ad-gentes_po.html
PROÉMIO
“A vocação missionária da Igreja
1. A Igreja, enviada por Deus a todas as gentes para ser «sacramento universal de salvação», (1) por íntima exigência da própria catolicidade, obedecendo a um mandato do seu fundador (2), procura incansàvelmente anunciar o Evangelho a todos os homens. Já os próprios Apóstolos em que a Igreja se alicerça, seguindo o exemplo de Cristo, «pregaram a palavra da verdade e geraram as igrejas» (3). Aos seus sucessores compete perpetuar esta obra, para que «a palavra de Deus se propague ràpidamente e seja glorificada (2 Tess. 3,1), e o reino de Deus seja pregado e estabelecido em toda a terra.”
(...)
“O nome de «missões» dá-se geralmente àquelas actividades características com que os pregoeiros do Evangelho, indo pelo mundo inteiro enviados pela Igreja, realizam o encargo de pregar o Evangelho e de implantar a mesma Igreja entre os povos ou grupos que ainda não crêem em Cristo. Essas «missões» são levadas a efeito pela actividade missionária e exercem-se ordinàriamente em certos territórios reconhecidos pela Santa Sé. O fim próprio desta actividade missionária é a evangelização e a implantação da Igreja nos povos ou grupos em que ainda não está radicada (34).(...) a fim de que os homens, uma vez renascidos pela palavra de Deus, fossem agregados pelo Baptismo à Igreja, a qual, como corpo do Verbo encarnado, se nutre e vive da palavra de Deus e do pão eucarístico.
Nesta actividade missionária da Igreja dão-se, por vezes, simultâneamente, situações diversas: a de começo ou implantação, primeiro, e a de crescimento ou juventude, depois. Ultrapassadas estas etapas, não acaba, contudo, a acção missionária da Igreja, mas é às igrejas particulares já constituídas que incumbe o dever de a continuar pregando o Evangelho a todos aqueles que ainda tenham ficado de fora. (...)”
(...)
Actividade missionária da Igreja: suas causas e necessidades
“7. A razão desta actividade missionária vem da vontade de Deus, que «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Ora há um só Deus, e um só que é mediador de Deus e dos homens, o homem Cristo Jesus, que se deu a si mesmo como preço de resgate por todos» (l Tim. 2, 4-6), «e não há salvação em nenhum outro» (Act. 4,12). Portanto, é preciso que todos se convertam a Cristo conhecido pela pregação da Igreja e que sejam incorporados, pelo Baptismo, a Ele e à Igreja, seu corpo.(...)”
(...)
“Cristo e a Igreja que d'Ele dá testemunho pela pregação evangélica, transcendem todos os particularismos de estirpe ou de nação e, por isso, não podem ser considerados estranhos a ninguém e em nenhuma parte (44). É próprio Cristo é aquela verdade e aquele caminho que a pregação evangélica a todos abre ao levar aos ouvidos de todos as palavras que Ele mesmo disse: «Arrependei-vos e crede no Evangelho» (Mc. 1,15). Porém, como quem não crê já está julgado (45), (...) «porque todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus» (Rom. 3,23). Por si mesmo e por próprias forças não há ninguém que se liberte do pecado e se eleve acima de si mesmo, ninguém absolutamente que se liberte a si mesmo da sua enfermidade, da sua solidão ou da sua escravidão (46), mas todos precisam de Cristo como modelo, mestre, libertador, salvador, vivificador. De facto, na história humana, mesmo sob o ponto de vista temporal, o Evangelho foi um fermento de liberdade e de progresso e apresenta-se sempre como fermento de fraternidade, de unidade e de paz. Não é sem razão, por isso, que Cristo é celebrado pelos fiéis como «o esperado das nações e o seu salvador» (47).(...)”
(...)
Presença da caridade
“Efectivamente, a caridade cristã a todos se estende sem discriminação de raça, condição social ou religião; não espera qualquer lucro ou agradecimento.(...) Trabalhem e colaborem os cristãos com todos os outros na recta ordenação dos problemas económicas e sociais.(...) Intimamente unidos com os homens na vida e no trabalho, os discípulos de Cristo esperam oferecer-lhes o verdadeiro testemunho de Cristo e trabalhar na salvação deles, (...)Assim, os homens são auxiliados na aquisição da salvação pela caridade para com Deus e para com o próximo, e começa a brilhar o mistério de Cristo, no qual apareceu o homem novo que foi criado segundo Deus, (cfr. Ef. 4,24), e no qual se revela a caridade divina”
(…)
“CAPÍTULO IV OS MISSIONÁRIOS
A vocação missionária
23. Embora a todo o discípulo de Cristo incumba a obrigação de difundir a fé conforme as suas possibilidades(1), Cristo Senhor chama sempre dentre os discípulos os que Ele quer para estarem com Ele e os enviar a evangelizar os povos(...)
Anunciando o Evangelho aos povos, dê a conhecer confiadamente o mistério de Cristo, do qual é legado, de maneira que ouse falar d'Ele como convém (9), não se envergonhando do escândalo da cruz. (...)
Formação doutrinal e apostólica
26. Os que forem enviados aos diversos povos, como bons ministros de Cristo, devem ser alimentados «com a palavra da fé e da boa doutrina» (1 Tim. 4,6), a qual haurirão primeiramente na Sagrada Escritura, perscrutando o mistério de Cristo, de quem serão arautos e testemunhas. (...)
Ao futuro missionário importa sumamente que se aplique aos estudos missiológicos, isto é, a conhecer a doutrina e as normas da Igreja em matéria de actividade missionária, a informar-se sobre os caminhos percorridos pelos arautos do Evangelho, ao longo dos séculos, como também sobre a condição presente das missões e sobre os métodos considerados hoje mais eficazes (23).(...)”
CAPÍTULO V
“A ORGANIZAÇÃO DA ACTIVIDADE MISSIONÁRIA
Introdução: sua necessidade(...)
Organização geral
29. O cuidado de anunciar o Evangelho em todas as partes da terra pertence, antes de mais, ao corpo episcopal (6); por isso, o Sínodo episcopal ou «Conselho permanente de Bispos para toda a Igreja» (7), entre os assuntos de importância geral (8), deve atender de modo especial à actividade missionária, que é a principal e a mais sagrada da Igreja (9).
Para todas as missões e para toda a actividade missionária, haja um só dicastério competente, a saber, a Congregação de «Propaganda Fide», que orientará e coordenará, em todo o mundo, tanto a actividade como a cooperação missionária, ressalvando-se, contudo, o direito das Igrejas orientais 1°. (...)
Todos estes, que hão-de ser convocados em datas fixas, exerçam, sob a autoridade do Sumo Pontífice, a suprema orientação de toda a obra missionária.
Esteja à disposição deste dicastério um grupo permanente de consultores peritos, de reconhecida ciência e experiência, aos quais pertence, entre outras coisas, reunir uma informação oportuna sobre as condições locais das várias regiões, a mentalidade dos diferentes grupos humanos, os métodos de evangelização a empregar, e propor conclusões cientificamente fundadas para a cooperação missionária. (...)
Organização local das missões
30. Para que, no exercício da obra missionária, se atinjam os fins e os resultados, devem todos os operários missionários ter um «só coração e uma só alma» (Act. 4,32). (...)
CAPÍTULO VI
A COOPERAÇÃO
Introdução. Consciência da responsabilidade
35. Dado que a Igreja é toda ela missionária, e a obra da evangelização é um dever fundamental do Povo de Deus, o sagrado Concílio exorta todos a uma profunda renovação interior, para que tomem viva consciência das próprias responsabilidades na difusão do Evangelho e assumam a parte que lhes compete na obra missionária junto dos gentios. (...)
Roma, 7 de Dezembro de 1965
PAPA PAULO VI
Gostaria agora de citar um artigo que li na época no Globo escrito pelo cardeal Dom Eugenio Sales.
“Mensagem do Cardeal D. Eugênio de Araújo Sales
Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro 11/01/2002
Em favor dos indígenas
(...) Além do mais, sempre ter em mente o objetivo primordial da Igreja, que é proclamar a mensagem de Cristo a todos os povos. Influenciados por ideologias e concepções contrárias à nossa Fé, não raro, leigos, e mesmo, sacerdotes, julgam a instituição fundada por Cristo como se fosse primordialmente uma entidade para defender o bem-estar temporal. A missão fundamental é anunciar Cristo e, como decorrência, resolver problemas sociais.
Assim, em nossos dias, ao tratar da causa indígena, precisam ser explicitadas em qualquer publicação católica sobre o tema, as normas dadas pelo Concílio Vaticano II, as diretrizes das Assembléias do CELAM no Rio de Janeiro, Medellín, Puebla, Santo Domingo e também no Sínodo da América, para falar apenas dos tempos modernos. Nós, brasileiros, não podemos estar ausentes às determinações do Santo Padre, em suas visitas ao Brasil e ao texto do Episcopado Nacional, em Porto Seguro, incluindo a palavra do Legado Pontifício. Para os católicos, qualquer documento, publicação, mesmo de autoria de eclesiásticos, que não respeite os critérios dados pelo Magistério ou que a eles se opõe, não pode ser tomado em consideração. Sem dúvida alguma, nossa fidelidade a Jesus Cristo nos leva a manter absoluta coerência com nossas atitudes, no que se refere ao assunto da promoção dos índios.
Jamais um católico ou movimento de Igreja poderá afirmar que os silvícolas devem preservar valores que estejam em contradição com a Boa Nova ou omitir o anúncio explícito do Evangelho, pelo qual os missionários, desde a descoberta do Continente Americano, empenharam sua própria vida.
Qualquer atividade eclesial junto aos aborígines deve estar profundamente marcada pela proposta explícita do Evangelho de Jesus Cristo. Isto não significa ferir a liberdade de quem recebe, pois uma coisa é impor e outra, propor. A Doutrina da Igreja está claramente contida na Exortação Apostólica “Ecclesia in América”, quando diz (nº 13): “Toda a Igreja é missionária, porque a atividade missionária (...) é uma parte integrante de sua vocação”. E, ao tratar da inculturação,: “Há alguns valores culturais que devem ser transformados e purificados, se se deseja que encontrem lugar numa genuína cultura cristã” (nº 16)Não pregar explicitamente Jesus Cristo aos índios que ainda não O conhecem, é uma traição ao Evangelho, à Igreja, e ao próprio silvícola. Diz o “Ecclesia in Oceania” (nº 18): “Todos têm o direito de ouvir a Boa Nova, pelo que os cristãos têm a obrigação grave de a comunicar”. E adiante: “Cada cultura necessita de ser purificada e transformada pelos valores revelados pelo Mistério Pascal de Cristo” Por isso, uma doutrina, opinião e atitude que faça restrição a essa clara diretriz da Igreja, não pode ter guarida no ambiente católico. Qualquer que seja a tentativa de justificação, deve ser liminarmente rejeitada, sequer conservado o título de católico. O Concílio Vaticano II (“Nostra Aetate”, 2) é peremptório: A Igreja “anuncia e é obrigada a anunciar o Cristo, que é “caminho, verdade e vida” (Jo, 14,6), no qual os homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou em si todas as coisas”.(...)”
Seria necessário acrescentar mais alguma coisa? Percebe-se que os objetivos das Igrejas evangélicas se confundem com os da católica; evangelizar. Ora se a o que a Igreja Católica define sobre missão e cultura? Segue o estudo oficial da Igreja declarado em seus documentos oficiais ( porque determinam sua real doutrina) escrito pelo seu sumo pontífice.
E finalmente o Papa em seu discurso aos ìndios em Manaus o sumo pontífice Católico afirmou
VIAGEM APOSTÓLICA AO BRASIL DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AOS INDIOS DA AMAZÔNIA
Manaus, 10 de julho de 1980
(...) O que lhes vou dizer? Que lhes posso dizer? Começo por repetir o que talvez já tenham ouvido dizer aqui pelos seus amigos missionários: que a Igreja e o Papa vos estimam, estimam muito por aquilo que vocês são e por aquilo que vocês representam. Vocês representam pessoas humanas e “chamados a ser de Jesus Cristo”, vocês representam também os filhos de Deus. A Igreja procura dedicar-se hoje a vocês como se dedicou desde a descoberta do Brasil a vossos antepassados.(...)
DISCURSO AOS PARTICIPANTES NA ASSEMBLEIA PLENÁRIA DA
PONTIFÍCIA COMISSÃO PARA A AMÉRICA LATINA
Sexta-feira, 23 de Março de 2001
“(...)A respeito disto, sabeis bem como é importante a presença dos evangelizadores, pois onde actuam sacerdotes, religiosos, religiosas ou leigos dedicados ao apostolado, as seitas não prosperam. A fé, mesmo sendo um dom de Deus, não surge nem se mantém sem a mediação dos evangelizadores.(...)”
Finalmente Bento XVI
“Entre os problemas que afligem a vossa solicitude pastoral está, sem dúvida, a questão dos católicos que abandonam a vida eclesial. Parece claro que a causa principal, dentre outras, deste problema, possa ser atribuída à falta de uma evangelização em que Cristo e a sua Igreja estejam no centro de toda explanação. As pessoas mais vulneráveis ao proselitismo agressivo das seitas - que é motivo de justa preocupação – e incapazes de resistir às investidas do agnosticismo, do relativismo e do laicismo são geralmente os batizados não suficientemente evangelizados, facilmente influenciáveis porque possuem uma fé fragilizada e, por vezes, confusa, vacilante e ingênua, embora conservem uma religiosidade inata.(...) Trata-se efetivamente de não poupar esforços na busca dos católicos afastados e daqueles que pouco ou nada conhecem sobre Jesus Cristo, através de uma pastoral da acolhida que os ajude a sentir a Igreja como lugar privilegiado do encontro com Deus e mediante um itinerário catequético permanente.” http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2007/may/documents/hf_ben-xvi_spe_20070511_bishops-brazil_po.html
O VATICANO E RESPOSTAS A QUESTÕES RELATIVAS A ALGUNS ASPECTOS
DA DOUTRINA SOBRE A IGREJA
Segunda questão: Como deve entender-se a afirmação de que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja católica?
Resposta: Cristo "constituiu sobre a terra" uma única Igreja e instituiu-a como "grupo visível e comunidade espiritual"[5], que desde a sua origem e no curso da história sempre existe e existirá, e na qual só permaneceram e permanecerão todos os elementos por Ele instituídos[6]. "Esta é a única Igreja de Cristo, que no Símbolo professamos como sendo una, santa, católica e apostólica […]. Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele"[7].
Por que razão os textos do Concílio e do subsequente Magistério não atribuem o título de "Igreja" às comunidades cristãs nascidas da Reforma do século XVI?
Resposta: Porque, segundo a doutrina católica, tais comunidades não têm a sucessão apostólica no sacramento da Ordem e, por isso, estão privadas de um elemento essencial constitutivo da Igreja. Ditas comunidades eclesiais que, sobretudo pela falta do sacerdócio sacramental, não conservam a genuína e íntegra substância do Mistério eucarístico[19], não podem, segundo a doutrina católica, ser chamadas "Igrejas" em sentido próprio[20].
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20070629_responsa-quaestiones_po.html
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agosto
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