quarta-feira, 28 de maio de 2008

Células tronco rebeldes

As pessoas que não vêm prestando muita atenção à discussão em torno da biotecnologia humana talvez pensem que a principal questão em pauta nesse debate diga respeito ao aborto, já que os adversários mais veementes da clonagem, até agora, têm sido os chamados defensores do direito à vida (ou seja, adversários do aborto), que se opõem à destruição de embriões.Mas existem razões importantes para que a clonagem e as tecnologias genéticas que a seguirão sejam motivo de preocupação para todas as pessoas, religiosas ou não, e, sobretudo para aquelas que se preocupam em proteger o ambiente natural. Pois a tentativa de dominar a natureza humana por meio da biotecnologia será ainda mais perigosa e repleta de conseqüências do que os esforços feitos pelas sociedades industriais para controlar a natureza não-humana por meio de gerações anteriores de tecnologia.

Artigo: o fim da natureza humana e não-humana FRANCIS FUKUYAMA especial para a Folha de S.Paulo

A discussão do tema no Judiciário demonstra a boa vontade e a complexidade no preparo dos ministros na questão da pesquisa em células tronco. Infelizmente agora estão a trabalhar quase que como legisladores.O avanço da ciência não significa ser sempre desejável ou necessário. A discussão das células tronco é uma delas.

Aqui estamos vivendo no Brasil o mesmo que representou o ano de 1974 nos EUA quando foi aprovado o aborto. Isto demonstra claramente o efeito slippery slope. Pequenas concessões podem gerar conseqüências imprevisíveis.

E agora o Judiciário no Brasil vai contra a maioria de tendência da população brasileira tendência esta comprovada no congresso nacional na ocasião da reprovação do aborto que toca no mesmo ser protegido pela bioética, o embrião humano. Isto é democracia?

Porque não um plebiscito então?

Porque eu proponho isto? Deixe me argumentar sumáriamente:

1-Todos já fomos células-tronco um dia. Já fomos um aglomerado de células sem forma e sem aparência de gente.

http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,VJS0-3076-20080228-317179,00.html

Mayana Zatz falou em entrevista que este é o tamanho de nossa discussão: "Os embriões congelados ficam armazenados em tubos que têm a espessura de um fio de cabelo."

Nós todos somos sobreviventes deste sistema. Se nossos pais quisessem teriam acabado conosco. Não teríamos nascido. No final das contas na verdade somos todos umas "células tronco" sobreviventes crentes em Deus, que discutimos com outras "células tronco " crentes na ciência , sobre a potencialidade e o futuro de outras células tronco desamparadas pela lei.

Não importa como foram formados os embriões congelados, se seguirem a implantação normal têrão a chance de se tornarem até mesmo um pesquisador de bioética quando crescerem. Da mesma forma que uma criança de um mês de idade não irá sobreviver sozinha se não for alimentada pelo peito materno ou mamadeira artificial ela jamais alcançará seu potencial destino escrito nas leis dos genes. E mais, se não estudar ou tiver acesso à educação jamais será "alguém" ainda que tenha todo o potencial genético para tal, como por exemplo, poderia ter a genética igual a de um Paganini mas se não conhecer , e não possuir um violino nem sequer aprender poderá se tornar um indigente.

Mayara Zats continua dizendo que "(...) é preciso que se entenda a diferença entre aborto e pesquisa com células-tronco embrionárias. No aborto, há uma vida dentro do útero de uma mulher. Se não houver intervenção humana, essa vida continuará. Já na reprodução assistida, é exatamente o contrário: não houve fertilização natural. Quem procura as clínicas de fertilização são os casais que não conseguem procriar pelo método convencional. Só há junção do espermatozóide com o óvulo por intervenção humana. E, novamente, não haverá vida se não houver uma intervenção humana para colocar o embrião no útero." http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2008/03/os-embries-os-cientistas-de-verdade-e.html

Em relação a clonagem reprodutiva, a dra Mayara ainda confirma que "Somos absoluta e frontalmente contra esse tipo de clonagem. Os experimentos feitos com a ovelha Dolly e outros animais mostraram que a clonagem é um desastre e as academias de ciências de 63 países, entre eles o Brasil, já se pronunciaram contra qualquer tentativa de clonagem reprodutiva humana. Não é nem por questão de ética. O risco de malformações é tão grande que seria o mesmo que liberar um remédio sabendo que ele mata ou deixa as pessoas aleijadas."

Este é o potencial da engenharia genética neste ponto de estágio de maturação das ciências de biotecnologia.

Entretanto dr Dráuzio Varella o entrevistador afirma – "Considerar que um óvulo fecundado por um espermatozóide num tubo de ensaio, depois de três ou quatro divisões, é uma vida com o mesmo direito da criança que está na cadeira de rodas, sentindo-se cada vez mais incapacitada, é revoltante. Nesse caso, não seria exagero encarar a masturbação masculina como um genocídio em potencial."

Prezado Dr Varella, com todo respeito que lhe devo como colega.Sua comparação não tem sentido. Se um espermatozóide for implantado em um útero não irá germinar por si mesmo. Ele é a metade de potencial. Ele não pode nada por si mesmo. Da mesma forma a Dra Mayara debocha do óvulo que é naturalmente descartado durante a menstruação (fenômeno da natureza) colocando na mesma categoria de aborto. A vida humana tem uma contagem. Tem um genoma. O gameta tem apenas informações genéticas, o ovo tem o roteiro completo programado de um ser. Se alimentado viverá e se tornará quem ele deveria ser. Temos o direito de impedir um bebe de mamar? Temos direito de criar um ser para retirar pedaços para consertar outros? Criar seres estepe? Valeria talvez a pena a espiada no filme holliwoodiano a ilha a despeito das hipérboles cinematográficas que lhes são caras.

2- Acessibilidade e equidade. Está mais que comprovado que a maior parte dos irmãos e irmãs que têm necessidades especiais não tem acesso ao atendimento garantido em lei de métodos diagnósticos e terapêuticos já existentes. O SUS se tornou uma farsa e a universalidade de atendimento e acesso na atenção à saúde não existe. Quantos deles terão acesso a ressonância magnética? Transplante de medula?Transplante de órgãos? Todas estas tecnologias dominadas pelos médicos no Brasil, mas sem acesso pelas camadas econômicas mais baixas da sociedade. Vamos supor em um futuro utópico que tenhamos toda esta tecnologia disponivel. Estará disponível para quem? Os pobres e desafortunados? Os mendigos e miseráveis? A quantidade de conhecimento dos quais dispomos hoje em dia poderia aliviar o sofrimento de milhões de pessoas alimentar toda a população humana da terra e ainda manter a paz. Vale a pena neste momento da sociedade humana investir todo este dinheiro nesta tecnologia que ainda nem se sabe se terá futuro? A china e Inglaterra que têm as mais livres legislações do mundo tem tido muito investimento e muito pouco progresso.

3- Proteção de patrimônio genético brasileiro

A UTILIZAÇÃO DE MATERIAL GENETICO BRASILEIRO POR ESTRANGEIROS- Sem dúvida quem irá investir nestas pesquisas serão laboratórios e lobbies prontos a utilizar os embriões brasileiros. As corporações biotêcnológicas passarão em breve a deter poder sobre vidas humanas como já detêm poder sobre partes do genoma. Quem sabe que tipos de pesquisas serão feitas com nossos embriões? As mesmas feitas fora de nosso país ou teremos mais Mengueles pós modernos? Qual será o tribunal a nos defender? A Alemanha impede a utilização de seus próprios embriões, mas aceita importação de embriões estrangeiros.

O FATO DE SER POSSÍVEL NÃO SIGNIFICA DESEJÁVEL.

O FATO DE SER FEITO FORA DO PAÍS E TER EFEITOS BONS muitos anos depois nos lembra o VOLUNTARISMO. Tudo vale se assim o desejamos se nos for conveniente. A maioria das pesquisas farmacológicas ocorrem fora do Brasil e ainda assim utilizamos medicamentos estrangeiros. Esat argumentação utilizado por um ilustre membro da nossa suprema corte é meio defasado com a realidade.

Isto me lembra Dr Menguele e suas descobertas na guerra. Se dúvida de que nos "beneficiamos" das descobertas deste monstro, mas será isto desejável? Necessário?

Uma PDF antigo afirma:

www.nucleodeaprendizagem.com.br/celulatronco.pdf

A surpresa foi a publicação de um artigo científico em julho de 2001, na revista Fertility and Sterility, apresentando os resultados de uma pesquisa com células tronco embrionários realizada com óvulos e espermatozóides obtidos para fins não reprodutivos. Os pesquisadores pagaram

US$1.000,00 para as mulheres que cederam seus óvulos e US$50,00 para os homens que cederam espermatozóides. O investigador principal Gary Hodgen já havia abandonado o Instituto Nacional de Saúde dos EUA, quando houve a proibição para pesquisa em embriões para fins reprodutivos, indo trabalhar no Jones Institute for Reproductive Medicine, vinculado a Eastern Virginia Medical School, em Norfolk, Virginia/EUA. O Prof. Hodgen, a exemplo do Prof. Thomson, já publicou 351 artigos na área de reprodução humana e de primatas desde 1967.

Esta pesquisa, que evidencia que a barreira da produção de embriões sem finalidade reprodutiva para produzir células tronco foi rompida, inclusive com a remuneração pela cessão dos gametas necessários. A possibilidade de que as células geradas possam ser produzidas por partenogênese (existem sérias dúvidas quanto a esta possibilidade) só agrega mais pontos de discussão e não atenua a situação. Isto demonstra claramente o efeito slippery slope. Pequenas concessões podem gerar consequências imprevisíveis.

Várias questões éticas permanecem na área da pesquisa em células tronco embrionárias:

• É adequado utilizar embriões produzidos para fins reprodutivos e não utilizados, cujos prazos legais de utilização foram ultrapassados, para gerar células tronco embrionárias ?

• É aceitável produzir embriões humanos sem finalidade reprodutiva apenas para produzir células tronco ?

• A justificativa da necessidade de desenvolver novas terapêuticas está acima da vida dos embriões produzidos para este fim ?

• É aceitável a utilização de óvulos não humanos para servirem substrato biológico para pesquisas em células tronco humanas, desconhecendo-se os riscos envolvidos neste tipo de procedimento ?

• É justo criar um clima de expectativa para pacientes e familiares de pacientes sobre a possibilidade de uso terapêutico de células que sequer foram testadas em experimentos básicos ?

No Brasil assim começa a descrição da famosa lei da biossegurança. Olhem o caput da lei que inclui na mesma linha de definição o material genético humano com de animais e plantas. Aqui não está sendo considerada somente a questão religiosa. Nos EUA ainda é proibido e em diversas nações européias ainda não há consenso.

“Art. 1o Este Decreto regulamenta dispositivos da Lei no 11.105, de 24 de março de 2005, que estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados - OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente, bem como normas para o uso mediante autorização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, para fins de pesquisa e terapia.”

Nós fomos transformados em material genético pelo STF. A sociedade civil foi enganada sem direito a participação democrática direta na discussão. Não houve debate suficiente com todas as pessoas envolvidas ( população inteira) e nem divulgação ampla do significado da amplitude destas pesquisas enquanto se debatia o “caso Isabela” as coisa aconteciam por trás dos panos. Sabemos que foi muito ruim o que ocorreu com aquela criança. Mas aquelas Isabelas congeladas com autorização da Justiça ou do STF?

Países onde é permitida a utilização de pesquisas com embriões. Inglaterra, Austrália, Canada, China, Japão ,Holanda, Africa do sul. Situação na Europa. ( pode ter algumas mudanças)

http://www.ghente.org/temas/celulas-tronco/discussao_europeus.htm#irlanda

Nos Estados Unidos ainda é proibido na sua totalidade, apesar de ser o país mais “desenvolvido do mundo”. Na China ocorre há muitos anos. Onde estão os resultados?

Porque isto não ocorre em todos os países? As pessoas têm medo das conseqüências destas pesquisas. Gostaria de lembrar que a ciência não está longe dos erros e não pode ser considerada a toda poderosa Deusa do saber. Basta lembrar de Charles Dawson e o "homem de Piltdown", Martin Fleischmann e Stanley Pons na fusão a Frio, e mais recentemente de Woo-suk Hwang, o fraudador dos clones coreanos.

Esta questão não é apenas relativa a ordem religiosa mas envolve a moral e a ética ambas derivadas do iluminismo da era Greco-romana. A moral é algo que nos caracteriza definitivamente como humanos. Animais não têm moral ou ética eles têm apenas instintos. Plantas têm impulsos e transmissão de dados. Será que realmente chegamos à era da informação binária? Seremos nós todos apenas impulsos elétricos regulamentados por genes? Somos donos dos genes ou eles nossos donos? Somos formigueiros mais organizados? O que nos separa dos outros mundos e domínios?

Em Cristo para servir

Wilson Bonfim

Médicos de Cristo

Sal 139:14 Eu te louvarei, porque de um modo tão admirável e maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.

Sal 139:15 Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado, e esmeradamente tecido nas profundezas da terra.

Sal 139:16 Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro foram escritos os dias, sim, todos os dias que foram ordenados para mim, quando ainda não havia nem um deles.

Bibliografia eletrônica:

www.nucleodeaprendizagem.com.br/celulatronco.pdf http://drauziovarella.ig.com.br/entrevistas/celulastronco20062.asp http://www.portadeacesso.com/artigos_leis/ct/ct_zats_varella.htm http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,VJS0-3076-20080228-317179,00.html http://www.ipg.org.br/noticia.php?id=72&lang=0

http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?602
http://www.drauziovarella.com.br/entrevistas/celulastronco.asp
http://www.movitae.bio.br/ct.htm
http://www.comciencia.br/reportagens/celulas/01.shtml
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/biologia/bio10f.htm
http://genoma.ib.usp.br/artigos_celulas.php
http://www.ufrgs.br/bioetica/celtron.htm
http://www.comciencia.br/reportagens/clonagem/clone04.htm
http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo031.shtml
http://www.educacional.com.br/noticiacomentada/050304_not01.asp
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/ciencia/polemica-celulas-tronco.html

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