sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Conquistando a terra
Queridos irmãos,
"Pede-me e eu te darei as nações por herança, e as extremidades
da terra por tua possessão." Sl 2.8
Nossa equipe tem vivido dias de expectativa. Estamos em pleno processo de compra de uma propriedade para a ATINI em Brasília. Os recursos para a compra são fruto da generosidade de duas famílias amigas, que sonham conosco em ver um futuro mais digno para os povos indígenas.
O processo de compra tem sido longo e complicado, mais do que nós esperávamos. Brasília é uma cidade onde dificilmente se encontra um terreno totalmente regularizado, escriturado e registrado, como tem que ser. Precisamos fazer todo o negócio com a maior lisura, com transparência e responsabilidade. Tem sido um desafio encontrar um terreno que tenha as características que nós precisamos, e que seja ao mesmo tempo totalmente regularizado.
Mas recentemente, depois de várias tentativas frustradas, encontramos uma terra legalizada e que tem tudo o que nós precisamos. A paisagem é linda - um terreno plano todo gramado, ladeado por um riacho e cercado por colinas verdejantes. As construções são excelentes e já são suficientes para abrigar provisoriamente toda nossa "aldeia urbana" - já somos um grupo quase 50 pessoas, provenientes de várias tribos diferentes e falando línguas distintas. Tem espaço para a construção de nossa vila indígena, para plantação e criação de peixes, bem como para a escola e para a clínica que vai atender crianças indígenas com necessidades especiais.
Nossa criançada explorando o novo terreno.
Orem conosco por este importante passo que estamos dando. Fizemos nossa proposta e estamos aguardando a resposta dos proprietários - crendo num milagre. O que estamos vivendo significa muito mais do que a simples compra de um terreno - estamos construindo, junto com os povos indígenas, um novo modelo de indigenismo. Um modelo que sonha refletir os princípios do Reino. Mais da metade da diretoria da ATINI hoje é indígena. Nosso desejo é que no futuro a ATINI seja uma organização gerida por indígenas de diferentes nações.
Kamiru partindo o pão-beiju
Cada povo vai trazer a sua contribuição, a sua visão de mundo, a sua riqueza cultural. Cremos que este será um local de reconciliação, de resgate de identidade, de transformação social. Comprar essa terreno significa um passo na direção de restituir aos indígenas sua terra, sua dignidade, sua cidadania. Vai ser um lugar de compartilhar o beiju, de ralar o guaraná e marcar no corpo nossa identidade indígena. Além de ser um lugar de refúgio para aqueles indígenas que não têm voz em suas comunidades. Sonhamos com um local que será um centro de difusão de transformações sociais para as nações indígenas do Brasil.
Outro dia o Eli Ticuna disse numa reunião do nosso grupo - essa é a primeira vez que nós, indígenas, vamos ter algo que será realmente nosso. Que bom que ele está sentindo isso. Esse é também o nosso sonho.
Karatsipa de braços abertos para o novo.
Contamos com suas orações,
Edson e Márcia Suzuki
ATINI - VOZ PELA VIDA
www.atini.org
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